Curso de especialização do NEAD/UFSJ promove conhecimento sobre causas indígenas no Brasil


Acontece no próximo sábado (10), no anfiteatro do campus Santo Antônio, a aula inaugural do curso de Mundos nativos: saberes, culturas e história dos povos indígenas do Núcleo de Educação a Distância da Universidade Federal de São João del-Rei (NEAD/UFSJ). Com início às 8 horas da manhã e previsão de término para o meio dia, a aula vai apresentar o curso para os novos alunos e contará com a palestra: “Histórias e culturas indígenas no Brasil: passado, presente e futuro dos mundos nativos”.

O curso oferece 150 vagas distribuídas por 5 polos: Confins (MG), Passos (MG), São João del-Rei (MG), Conselheiro Lafaiete (MG) e Sabará (MG). Esse novo curso de especialização chega ao NEAD/UFSJ com o objetivo de atender aos professores da rede pública, procurando compreender o amplo e complexo processo histórico dos povos indígenas do Brasil, tomando em conta sua atuação, a partir das relações interétnicas estabelecidas com outros agentes (administrativos, governamentais, missionários, movimentos sociais, entre outros).

A coordenadora do curso, Maria Leônia Chaves de Resende, explica que é a primeira vez que o NEAD/UFSJ oferece uma especialização com a questão indígena como o “epicentro”, ressaltando também a relevância de se estudar sobre essas questões. “O curso ‘Mundos Nativos: saberes, culturas e história dos povos indígenas’ tem o desafio de discutir o Brasil, multicultural e pluriétnico, que conta com uma diversidade extraordinária de povos indígenas. No entanto, infelizmente, a grande maioria dos brasileiros pouco sabe sobre esses povos nativos, resultando em boa medida no desconhecimento e equívocos a respeito dos saberes, culturas e história dos povos indígenas, imperando distorções, preconceitos e estereótipos alarmantes disseminados na sociedade brasileira”.

Segundo os registros do IBGE há 305 etnias indígenas, com 274 línguas diferentes. Os índios são quase 900 mil, correspondendo a 0,47% da população do país, sendo que um terço vive nas cidades e o restante em áreas rurais. Grande parte está concentrada nas aldeias, em 689 Terras Indígenas. O legado desses povos é, portanto, um patrimônio cultural do Brasil e da humanidade. A Lei 11.645/2008, que exigiu o ensino de história e culturas indígenas nos currículos escolares, é uma das iniciativas para a superação necessária e urgente dessa lacuna ao contribuir para o reconhecimento e a inclusão das diferenças étnicas dos povos indígenas, buscando re/pensar o Brasil em sua sociodiversidade.

A coordenadora destaca, ainda, que o curso é “bastante estimulante e inovador, porque apresenta um leque de disciplinas que envolvem a formação em diversas áreas do conhecimento (história, arqueologia, geografia, direito, ciências, artes etc) tendo como foco central os mundos nativos. Abre, ainda, a discussão e relativização do conhecimento hegemônico europeu, alegadamente universal, ao colocar em questão outras formas de saberes como a dos indígenas. Dessa forma, ajudam a ‘descolonização’ do conhecimento, que é construído a partir da exclusividade da matriz ocidental. Coloca em xeque a supremacia do pensamento ocidental-moderno, oferecendo aos alunos a experiência de outras ontologias, epistemologias ou saberes. O conceito de “perspectivismo ameríndio”, que caracterizaria a forma indígena de conceber a realidade, é um bom exemplo de outros modos de perceber o real, uma antípoda do cartesianismo/positivismo tão típico do Ocidente”.

Ao todo, o curso teve mais de 700 inscritos, cerca de 4 por vaga. Com término previsto para 2020, a carga horária é de 360 horas.